A agenda política da ONU para as mulheres

uma análise crítica a partir do Sul Global

Autores

  • Ana Paula Ranzi PPG Sociologia - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
  • Julice Salvagni Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
  • Marília Veríssimo Veronese Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais - Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)
  • Natalia Argiles

DOI:

https://doi.org/10.31990/agenda.2022.2.9

Palavras-chave:

Organizações Internacionais, ONU, Mulheres, Feminismo, Norte-Sul

Resumo

Este texto propõe uma análise crítica da posição da ONU em relação às mulheres, a partir da perspectiva teórico-política do feminismo marxista, em diálogo com a noção de Sul Global. Parte-se da premissa de que o feminismo liberal não atende às demandas de todas as mulheres, ao não questionar o modelo hegemônico de acumulação profundamente desigual. Os ideais do feminismo liberal convergem com a concepção que estrutura as Nações Unidas. Argumenta-se que uma agenda de políticas pró-mulheres que seja descolada da concepção marxista de luta de classes pode vir a convergir com a responsabilização individual das mulheres pobres diante dos programas de que são alvo, sem questionamento à reprodução das desigualdades sociais. Embora os movimentos feministas sejam multifacetados e acolham distintas pautas acerca dos direitos das mulheres, considera-se que a aproximação dessas com a perspectiva de luta de classes é uma condição indispensável.

 

Biografia do Autor

Ana Paula Ranzi, PPG Sociologia - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

ANA PAULA RANZI

Doutoranda em Sociologia

PPG Sociologia

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Porto Alegre – RS – Brasil

anapaula.ranzi@gmail.com

 

Principais Publicações

RANZI, Ana; Salvagni, Julice ; Cheron, Cibele ; Colomby, Renato . A QUESTÃO INDÍGENA: RESGATE HISTÓRICO, CONSTITUCIONALISMO E TENSIONAMENTOS. In: Cleide Calgaro. (Org.). Constitucionalismo e meio ambiente: conquistas e desafios na América Latina. 1ed.Porto Alegre: Editora Fundação Fênix, 2021, v. , p. 599-619.

Julice Salvagni, Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

JULICE SALVAGNI

Professora Adjunta

Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas 

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Porto Alegre – RS – Brasil

julicesalvagni@gmail.com

 

Principais Publicações

SALVAGNI, J.; NODARI, C. H. ; VALDUGA, V. . Cooperation, Innovation and Tourism in the Grape and Wine Region, Brazil. CUADERNOS DE DESARROLLO RURAL, v. 17, p. 1, 2021.

SALVAGNI, J.. As caminhoneiras: uma carona nas discussões de gênero, trabalho e identidade. CADERNOS EBAPE.BR (FGV), v. 18, p. 572-582, 2020.

Marília Veríssimo Veronese, Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais - Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)

MARÍLIA VERÍSSIMO VERONESE

Professora Titular

Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais

Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)

Porto Alegre – RS – Brasil

mariliav@unisinos.br

 

Principais Publicações

VERONESE, M. V. Economia solidária, saúde mental e arte/cultura: promovendo a racionalidade política dos comuns. POLIS (SANTIAGO EN LÍNEA), v.3, p.138-159, 2020.

GAIGER, L. I.; VERONESE, M. V.; FERRARINI, A. V. O Conceito de Empreendimento Econômico Solidário: Por uma Abordagem Gradualista. DADOS -REVISTA DE CIÊNCIAS SOCIAIS, v.61, p.137 - 169, 2018.

VERONESE, M. V. Anti-humanismo. In: Dicionário dos Antis: A cultura brasileira em negativo. Campinas: Pontes Editores., 2021, v.1, p. 361-367.

VERONESE, M. V.; Lopez, Laura.; Gonçalves, T. R.; CARLOTTO, M.; Cabral, S.; FERREIRA, J. GÊNERO E SAÚDE MENTAL NO CONTEXTO DA PANDEMIA DE COVID-19: impactos psicossociais e produção de vulnerabilidades entre profissionais de saúde em hospitais do Rio Grande do Sul In: Trabalho e pandemia: informalidade, precarização e suas múltiplas relações. São Paulo: Anablume, 2021, v.1, p. 415-438.

Natalia Argiles

NATALIA ARGILES

Mestre em Estudos Estratégicos Internacionais

PPG Estudos Estratégicos Internacionais

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Porto Alegre – RS – Brasil

nati.argiles@gmail.com

 

Principais Publicações

GONÇALVES, N. B. A.. As Relações entre o Brasil e a Nigéria: Cooperação Inter-Regional e criação de novas alternativas aos países do Sul. Revista Perspectiva, v. 11, p. 41-57, 2014.

Referências

ALVES, J. E. D. Desafios da equidade de gênero no século XXI. Revista Estudos Feministas, v. 24, n. 2, p. 629-38, 2016.

ARRIGHI, G. O Longo Século XX: dinheiro, poder e as origens de nosso tempo. Rio de Janeiro: Contraponto, São Paulo: UNESP, 1996.

BAEHR, A. R. Liberal Feminism. In: ZALTA, E. N. (org.). The Stanford Encyclopedia of Philosophy (Spring 2021 Edition). Disponível em: <https://plato.stanford.edu/archives/spr2021/entries/feminism-liberal/>. Acesso em: 03 maio 2021.

BALLESTRIN, L. The Global South as a Political Project. E-International Relations, 03 jul. 2020. Disponível em: <https://www.e-ir.info/2020/07/03/the-global-south-as-a-political-project/?preview=true&_thumbnail_id=85885>. Acesso em: 06 maio 2021.

BIROLI, F. Divisão sexual do trabalho e democracia. Dados, Rio de Janeiro, v. 59, n. 3, p. 719-754, jul.-set. 2016.

BRAGA, J. C.; CINTRA, A. M. Finanças dolarizadas e capital financeiro: exasperação sob comando americano. In: FIORI, J. L (org.) O Poder Americano. Petropolis: Vozes, p. 253-307, 2004.

BROWN, W. Nas ruínas do neoliberalismo: a ascenção da política antidemocrática no ocidente. São Paulo: Politeia, 2019.

CARVAJAL, J. P. Uma ruptura epistemológica com o feminismo ocidental. In: HOLANDA, H. B. de (Org.). Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar Tempo, p. 194-206, 2020.

CASTELO, R. O canto da sereia: social-liberalismo, novo desenvolvimentismo e supremacia burguesa no capitalismo dependente brasileiro. Revista Em Pauta: teoria social e realidade contemporânea, Rio de Janeiro, v. 11, n. 31, p. 119-138, 1º semestre de 2013.

CASTRO, T. Teoria das Relações Internacionais. 2ª Ed. Brasília: FUNAG, 2012. Disponível em: <http://funag.gov.br/biblioteca-nova/produto/1-40-teoria_das_relacoes_internacionais>. Acesso em: 06 abr 2021.

COHEN, B. Bretton Woods System. In: JONES, R. J. B. (org.), Routledge Encyclopedia of International Political Economy. London: Routledge, 2002.

COSTA, M. da G. Agroecologia, (Eco)Feminismos e “Bem-Viver”: Emergências Descoloniais No Movimento Ambientalista Brasileiro. In: Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress. Anais [...]. Florianópolis, 2017. Disponível em: <http://www.en.wwc2017.eventos.dype.com.br/resources/anais/1500257660_ARQUIVO_Agroecologia,ecofeminismosebem-viver-emergenciasdescoloniaisnomovimentoambientalistabrasileiro.pdf>. Acesso em: 05 mar 2021.

DARDOT, P.; LAVALL, C. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Editora Boitempo, 2017.

DAVIS, A. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016.

FEDERICI, S. Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo: Elefante, 2017.

FEDERICI, S. O ponto zero da revolução: trabalho doméstico, reprodução e luta feminista. São Paulo: Elefante, 2019.

FEDERICI, S. Reencantar el mundo: el feminismo y la política de los Comunes. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Tinta Limón, 2020.

FRASER, N. O feminismo, o capitalismo e a astúcia da história. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v.14, n. 2, p. 11-33, jul.-dez. 2009.

FRASER, N. La política feminista en la era del reconocimiento: un enfoque bidimensional de la justicia de género. Arenal: Revista de Historia de Mujeres, v. 19, n. 2, p. 267-86, 2012.

FRASER, N. Do neoliberalismo progressista a Trump – e além. Política & Sociedade, Florianópolis, v. 17, n. 40, p. 43-64, set.-dez. 2018.

GONZALEZ, L. Por un Feminismo Afrolatinoamericano. Revista Isis International, MUDAR/DAWN, Chile, v. IX, p. 133-41, jun. 1988a.

GONZALEZ, L. A categoria político-cultural de amefricanidade. Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro, n. 92/93, p. 69-82, jan.-jun. 1988b.

GUARNIERI, T. H. Os Direitos das mulheres no contexto internacional - da criação da ONU (1945) à Conferência de Beijing (1995). Revista Eletrônica da Faculdade Metodista Granbery, Juiz de Fora, 2010. Disponível em: <http://re.granbery.edu.br/artigos/MzUx.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2021.

HARVEY, D. O neoliberalismo: história e implicações. São Paulo: Loyola, 2008.

HARVEY, D. O Enigma do Capital: e as crises do capitalismo. São Paulo: Boitempo, 2011.

HARVEY, D. 17 contradições e o fim do capitalismo. São Paulo: Boitempo Editorial, 2017.

HIRATA, H.; KERGOAT, D. Novas configurações da divisão sexual do trabalho. Cadernos de Pesquisa, v. 37, n. 132, p. 595-609, set.-dez. 2007.

HERZ, M.; HOFFMANN, A. Organizações Internacionais: História e Práticas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

LUGONES, M. Rumo a um feminismo descolonial. Revista de Estudos Feministas, Florianópolis, v. 22, n. 3, p. 935-952, dez. 2014. Disponível em: <http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104026X2014000300013&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 07 set. 2022.

MEDEIROS, F. L. S. de. Feminismo e neoliberalismo na contemporaneidade: uma “nova razão” para o movimento de liberação das mulheres? Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 26, n. 3, p. 146-167, 2017.

MIGUEL, L. F.; BIROLI, F. Produção da imparcialidade: a construção do discurso universal a partir da perspectiva jornalística. Revista brasileira de ciências sociais, v. 25, n. 73, p. 59-76, jun. 2010.

ONU MULHERES. Sobre a ONU Mulheres. [S. l.], [s. d.]. Disponível em: <https://www.onumulheres.org.br/onu-mulheres/sobre-a-onu-mulheres/>. Acesso em: 25 abr. 2021.

OSTROM, E. Governing the commons: the evolution of institutions for collective action. New York: Cambridge University Press, 1990.

OYĚWÙMÍ, O. Conceituando o gênero: os fundamentos eurocêntricos dos conceitos feministas e o desafio das epistemologias africanas. In: African Gender Scholarship: concepts, methodologies and paradigms. Dakar, v.1, p. 1-8, 2004.

PRÁ, J. R.; PAGOT, R. Rotas de empoderamento das mulheres no contexto dos feminismos, da cidadania e dos direitos humanos. Inclusão Social, v. 11, n. 2, 2018.

ROQUE, T. O dia em que voltamos de Marte: uma história da ciência e do poder com pistas para um novo presente. Rio de Janeiro: Crítica, 2021.

RUBIN, G. O tráfico de mulheres: Notas sobre a “Economia Política” do sexo. Tradução de Christine Rufino Dabat, Edileusa Oliveira Rocha e Sonia Corrêa. Recife: SOS Corpo, 1993.

SAFFIOTI, H. I. B. A mulher na sociedade de classes. São Paulo: Expressão Popular, 2013.

SAFFIOTI, H. I. B. Gênero, patriarcado, violência. São Paulo: Expressão Popular: Fundação Perseu Ramos, 2015.

SANTOS, B. de S. Construindo as Epistemologias do Sul: Antologia Essencial. Volume I: Para um pensamento alternativo de alternativas. Buenos Aires: CLACSO, 2018. Disponível em: <http://www.boaventuradesousasantos.pt/media/Antologia_Boaventura_PT1.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2021.

SCOTT, J. W. O enigma da igualdade. Estudos Feministas, Florianópolis, v.13, n.1, p.11-30, 2005.

SEGATO, R. La guerra contra las mujeres. Buenos Aires, Prometeo, 2018.

SERRA, N.; STIGLITZ, J. E. The Washington Consensus reconsidered: towards a new global governance. New York: Oxford University Press, 2008.

SORJ, B. Igualdade de gênero e políticas macroeconômicas. RevistaEstudos Feministas, v. 24, n. 2, p. 617-20, 2016.

STREVA, J. Aquilombar Democracy Fugitive Routes from the End of the World. Working Paper n. 37, 2021. Disponível em: <https://www.iai.spk-berlin.de/fileadmin/dokumentenbibliothek/Veroeffentlichungen/Mecila_Working_Papers/WP_37_Streva_Online.pdf>. Acesso em: 16 set. 2022.

UN WOMEN. How we work. [S. l.], [s. d.]. Disponível em: <https://www.unwomen.org/en/how-we-work>. Acesso em: 25 abr. 2021.

UN WOMEN. The World for Women and Girls: Annual Report 2019-2020. 2020. Disponível em <https://www.unwomen.org/-/media/headquarters/attachments/sections/library/publications/2020/un-women-annual-report-2019-2020-en.pdf?la=en&vs=3903>. Acesso em: 25 abr. 2021.

UNITED NATIONS. Beijing Declaration and Platform for Action. 1995. Disponível em <https://www.un.org/womenwatch/daw/beijing/pdf/BDPfA%20E.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2021.

UNITED NATIONS. Preparatory Years: UN Charter History. [S. l.], [s. d.]. Disponível em <https://www.un.org/en/about-us/history-of-the-un/preparatory-years>. Acesso em: 25 abr. 2021.

UNITED NATIONS. Resolution 1325 (2000). Security Council. 31 de outubro de 2000. Disponível em <https://undocs.org/en/S/RES/1325(2000)>. Acesso em: 25 abr. 2021.

UNITED NATIONS. United Nations Charter (full text). 1945. Disponível em <https://www.un.org/en/about-us/un-charter/full-text>. Acesso em: 25 abr. 2021.

VERGÈS, F. Um feminismo decolonial. São Paulo: Editora Ubu, 2020.

VERONESE, M. Economia solidária, saúde mental e arte/cultura: promovendo a racionalidade política dos comuns. Polis, n. 57, p. 138-159, 2020.

VITALE, D.; NAGAMINE, R.; SOUZA, G. A. de. A ONU Mulheres na aldeia: interações democráticas e mediação cultural. In: VITALE, D; NAGAMINEM, R (eds.), Gênero, direito e relações internacionais: debates de um campo em construção. Salvador: EDUFBA, p. 236-264, 2018.

Downloads

Publicado

2023-02-21

Como Citar

RANZI, A. P.; SALVAGNI, J.; VERÍSSIMO VERONESE, M. .; ARGILES, N. . A agenda política da ONU para as mulheres: uma análise crítica a partir do Sul Global. Revista Agenda Política, [S. l.], v. 10, n. 2, p. 205–232, 2023. DOI: 10.31990/agenda.2022.2.9. Disponível em: https://www.agendapolitica.ufscar.br/index.php/agendapolitica/article/view/780. Acesso em: 29 mar. 2024.