Distribuição Indiscriminada de Recursos, Gerenciamento de Impressão e Voto

uma análise à luz da Escolha Racional

Autores

  • Stephani dos Santos Universidade do Sagrado Coração
  • Caroline Neves Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Luis Felipe Fachini Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.31990/agenda.2022.3.9

Palavras-chave:

Escolha Racional, Racionalidade, Clientelismo, Gerenciamento de impressões, Voto

Resumo

Este artigo discute, sob perspectiva da Escolha Racional, o processo de racionalidade existente no modelo de clientelismo que consiste em distribuição indiscriminada de recursos para gerenciar a impressão que os eleitores têm sobre o candidato, e a eficácia desse modelo em relação ao eleitorado e ao voto. O clientelismo tradicional consiste em uma prática economicamente eficiente de maximização de benefícios, onde os candidatos políticos compram votos de eleitores fiéis, propensos a apoiá-los, ou indecisos. No entanto, Mariana Borges identifica no Sertão da Bahia um modelo distinto, pautado pela distribuição indiscriminada de recursos para o gerenciamento de impressão dos eleitores, mas, não necessariamente, comprar votos. Neste sentido, metodologicamente, este trabalho consiste numa revisão de literatura, amparando-se à um estudo de caso, buscando elucidar o cenário estudado por Borges, a partir das premissas teóricas da Teoria da Escolha Racional. Os resultados sugerem que esse modelo de clientelismo é orientado pela racionalidade, porém, não necessariamente leva o candidato ao resultado esperado, ao considerar que a relação de custo e benefício transcende fatores puramente financeiros, elencando especificidades simbólicas e imateriais que são inerentes às relações sociais, oriundas dos processos políticos eleitorais. Logo, conclui-se que não distribuir recursos indiscriminadamente para gerenciamento de impressões é irracional, ao ponto que, a relação de benefício também se encontra na maximização da imagem do candidato, enquanto um agente político forte para pleitear a disputa institucional.

Biografia do Autor

Stephani dos Santos, Universidade do Sagrado Coração

Graduação em Relações Internacionais pela Universidade do Sagrado Coração (2014-2018) e especialização em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas - FGV (2018-2020). Experiência em Relações Internacionais com ênfase em Ciência Política, internacionalização de instituições/empresas e em Comércio Exterior. Estagio em empresa privada na área de consultoria internacional (2017) e na instituição de ensino Universidade do Sagrado Coração no Departamento de Relações Internacionais na área de internacionalização educacional (2017). Líder voluntária na Pastoral da Criança (2010/2015) e professora voluntária de inglês no Principia, cursinho pré-vestibular da Unesp, campus Bauru (setembro / novembro 2019). Atualmente atua como Analista de Comércio Exterior na empresa Nova Didacta, São Caetano do Sul - SP. E-mail: stephanidsantos21@gmail.com. ORCID 0000-0002-6842-1210

Caroline Neves, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Caroline Neves, graduada em Ciências Econômicas e Ciências Sociais pela Universidade Federal de Viçosa e aluna do programa de mestrado em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E-mail: caroline.neves@ufv.br. ORCID 0000-0002-9570-8989

Luis Felipe Fachini, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Luis Felipe Fachini, graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Viçosa e aluno do programa de mestrado em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E-mail: luis.fachini@ufv.br. ORCID 0000-0002-4179-7832

Referências

ARROW, K. J. Social choice and individual values. New York: John Wiley & Sons, 1951.

BLAIS, A. To vote or not to vote: The merits and limits of rational choice theory. University of Pittsburgh Press, 2000.

BORGES, M. Vote Buying and Impression Management: Performing Largesse in Northeast Brazil. Boston: American Political Science Association Meeting (APSA), 2018. Disponível em: <https://www.marianaborges.info/uploads/7/5/6/5/75650241/borges_apsa_2018.pdf>. Acesso em: 18 nov. de 2022.

BUCHANAN, J. M.; TULLOCK, G. The Calculus of Consent: Logical Foundations of Constitutional Democracy. University of Michigan, 1962.

COASE, R. H. The Firm, the Market, and the Law. University of Chicago Press, 2012.

CRUZ, C. Political Culture and Institutional Development in Costa Rica and Nicaragua: World Making in the Tropics. Cambridge University Press, 2005.

DOWNS, A. Uma Teoria Econômica da Democracia. São Paulo: Edusp, 2013.

EMBRAPA. Contando Ciência na Web: Região Nordeste. 20--. Disponível em: <https://www.embrapa.br/contando-ciencia/regiao-nordeste>. Acesso em: 25 jan. 2023.

FEREJOHN, J; PASQUINO, P. A teoria da escolha racional na ciência política: conceitos de racionalidade em teoria política. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 16, n. 25, p. 05-24, 2001.

FEDDERSEN, T. J. Rational Choice Theory and the paradox of not voting. Journal of Economic Perspectives, v. 18, n. 1, p. 99-112, 2004.

GINTIS, H. The Bounds of Reason: Game Theory and the unification of the Behavioral Sciences. New Jersey: Princeton University Press, 2009.

GREEN, D. P.; SHAPIRO, I. Pathologies of Rational Choice Theory: A critique of applications in Political Science. Yale University Press, 1994.

GREEN, D. P.; SHAPIRO, I.; DE SOUZA, M. T. Teoria da escolha racional e ciência política: um encontro com poucos frutos. Perspectivas: Revista de Ciências Sociais, v. 23, 2000.

GROHMANN, L. G. M. O poder da política e a política do poder. Revista de Desenvolvimento e Políticas Públicas, v. 1, n. 2, p. 103-116, 2017. Disponível em: <https://www.redepp.ufv.br/index.php/REDEPP/article/view/12>. Acesso em: 20 out. 2022.

JOHNSON, J. How Not to Criticize Rational Choice Theory: Pathologies of "Common Sense". Philosophy of the Social Sciences, v. 26, n. 1, p. 77-91, 1996.

MORAES, A. C. R. O Sertão: Um “outro” geográfico. Terra Brasilis, n. 4-5, 2003. Disponível em: <https://journals.openedition.org/terrabrasilis/341>. Acesso em: 25 jan. 2023.

OLSON, M. The Logic of Collective Action: Public Goods and the Theory of Groups. Harvard University Press, 1965.

RIKER, W. H. The Theory of Political Coalitions. Yale University Press, 1962.

RIKER, William H.; ORDESHOOK, Peter C. A Theory of the Calculus of Voting. American political science review, v. 62, n. 1, p. 25-42, 1968.

SCHEEFFER, F. Teoria da escolha racional: a evidenciação do homo economicus?. Em Tese, v. 10, n. 1, p. 28-43, 2013. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/emtese/article/view/1806-5023.2013v10n1p28>. Acesso em: 20 out. 2022.

SCHELLING, T. C. The Strategy of Conflict. Harvard University Press, 1981.

SHEPSLE, K. A. Analizar la política: Comportamiento, Instituciones y Racionalidad. México D.F.: Centro de Investigación y Docencia Económicas, 2016.

SILVA, D. et al. Downs vence mais uma vez? Posicionamento ideológico-partidário nas eleições 2012. Revista Política Hoje, v. 22, n. 1, p. 206-49, 2013. Disponível em: <https://bibliotecadigital.tse.jus.br/xmlui/handle/bdtse/2744>. Acesso em: 13 out. 2022.

SILVEIRA, Flávio Eduardo. Escolha intuitiva: nova modalidade de decisão do voto. Opinião pública, v. 2, n. 2, p. 95-116, 1994.

Downloads

Publicado

2023-08-22

Como Citar

DOS SANTOS, S.; NEVES, C.; FACHINI, L. F. Distribuição Indiscriminada de Recursos, Gerenciamento de Impressão e Voto: uma análise à luz da Escolha Racional. Revista Agenda Política, [S. l.], v. 10, n. 3, p. 214–233, 2023. DOI: 10.31990/agenda.2022.3.9. Disponível em: https://www.agendapolitica.ufscar.br/index.php/agendapolitica/article/view/811. Acesso em: 27 jul. 2024.