Distribuição Indiscriminada de Recursos, Gerenciamento de Impressão e Voto
uma análise à luz da Escolha Racional
DOI:
https://doi.org/10.31990/agenda.2022.3.9Palavras-chave:
Escolha Racional, Racionalidade, Clientelismo, Gerenciamento de impressões, VotoResumo
Este artigo discute, sob perspectiva da Escolha Racional, o processo de racionalidade existente no modelo de clientelismo que consiste em distribuição indiscriminada de recursos para gerenciar a impressão que os eleitores têm sobre o candidato, e a eficácia desse modelo em relação ao eleitorado e ao voto. O clientelismo tradicional consiste em uma prática economicamente eficiente de maximização de benefícios, onde os candidatos políticos compram votos de eleitores fiéis, propensos a apoiá-los, ou indecisos. No entanto, Mariana Borges identifica no Sertão da Bahia um modelo distinto, pautado pela distribuição indiscriminada de recursos para o gerenciamento de impressão dos eleitores, mas, não necessariamente, comprar votos. Neste sentido, metodologicamente, este trabalho consiste numa revisão de literatura, amparando-se à um estudo de caso, buscando elucidar o cenário estudado por Borges, a partir das premissas teóricas da Teoria da Escolha Racional. Os resultados sugerem que esse modelo de clientelismo é orientado pela racionalidade, porém, não necessariamente leva o candidato ao resultado esperado, ao considerar que a relação de custo e benefício transcende fatores puramente financeiros, elencando especificidades simbólicas e imateriais que são inerentes às relações sociais, oriundas dos processos políticos eleitorais. Logo, conclui-se que não distribuir recursos indiscriminadamente para gerenciamento de impressões é irracional, ao ponto que, a relação de benefício também se encontra na maximização da imagem do candidato, enquanto um agente político forte para pleitear a disputa institucional.
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