A agenda política da ONU para as mulheres
uma análise crítica a partir do Sul Global
DOI:
https://doi.org/10.31990/agenda.2022.2.9Palavras-chave:
Organizações Internacionais, ONU, Mulheres, Feminismo, Norte-SulResumo
Este texto propõe uma análise crítica da posição da ONU em relação às mulheres, a partir da perspectiva teórico-política do feminismo marxista, em diálogo com a noção de Sul Global. Parte-se da premissa de que o feminismo liberal não atende às demandas de todas as mulheres, ao não questionar o modelo hegemônico de acumulação profundamente desigual. Os ideais do feminismo liberal convergem com a concepção que estrutura as Nações Unidas. Argumenta-se que uma agenda de políticas pró-mulheres que seja descolada da concepção marxista de luta de classes pode vir a convergir com a responsabilização individual das mulheres pobres diante dos programas de que são alvo, sem questionamento à reprodução das desigualdades sociais. Embora os movimentos feministas sejam multifacetados e acolham distintas pautas acerca dos direitos das mulheres, considera-se que a aproximação dessas com a perspectiva de luta de classes é uma condição indispensável.
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