A Campanha “Não É Não”
os corpos das mulheres como espaço político de reivindicação
DOI:
https://doi.org/10.31990/agenda.2022.3.10Palavras-chave:
Corpos, Mulheres, Violências de gênero, Micropolítica, Não É NãoResumo
Este artigo articula discussões sobre corpos de mulheres no contexto da campanha “Não É Não”, que tomamos como uma experimentação de micropolítica de gênero. Assim, lançamos a seguinte questão: como a campanha “Não É Não” opera? O corpus de análise é constituído por recortes de dizeres enunciativos e por imagens postadas (2017-2020) em redes sociais, como o Instagram. Para a análise, propomos um percurso metodológico inspirado na perspectiva foucaultiana. Como resultado, destacamos que a campanha “Não É Não” é conduzida por um grupo de mulheres brasileiras (de diferentes gerações), que rechaçam as violências e as submissões naturalizadas (historicamente) por meio de mobilizações sociopolíticas em ações de protestos, em que os corpos são a causa e o suporte das reivindicações, afirmando um outro corpo, que quer ser político e reconhecido na sua posição de direito de aparecer e de respeito.
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