Mulheres partidárias

atuação militante e participação nas atividades dos partidos

Autores

  • Antonio Teixeira de Barros MPPL
  • Willber da Silva Nascimento UFPE

DOI:

https://doi.org/10.31990/agenda.2021.1.7

Palavras-chave:

Filiação partidária, Mulheres e partidos políticos, Recrutamento partidário feminino, Mulheres e política partidária

Resumo

O artigo analisa como as mulheres filiadas a partidos políticos atuam no âmbito interno da estrutura e da organização das legendas. O foco analítico está na participação das mulheres nas atividades partidárias, considerando que a literatura aponta tal participação como um dos fatores que impulsionam carreiras políticas femininas. São avaliadas como os seguintes fatores influenciam essa participação: variáveis socioeconômicas; capital familiar e capital militante; espectro ideológico das legendas; interesse das informantes em se candidatar para disputar eleições. A hipótese, confirmada, é que mulheres filiadas a partidos de esquerda, solteiras e mais escolarizadas são as mais participativas na estrutura das agremiações. O estudo deriva de um questionário com 419 filiadas. O principal locus de atuação delas se dá na esfera virtual. Os movimentos estudantis e sociais são os principais mecanismos de recrutamento partidário de mulheres de esquerda, enquanto na direita são as relações de parentesco.

Referências

ALENCAR, Joana et al. Participação social e desigualdades nos conselhos nacionais. Sociologias, v. 15, n. 32, 2013. p. 112-146.

ALMEIDA, Maria Antónia Pires. Mulheres na política portuguesa. In: FERREIRA, Eduarda et al (Org.). Percursos feministas: desafiar os tempos. Lisboa: Universidade Feminista/UMAR, 2015. p. 164-174.

ARAÚJO, Clara. Partidos políticos e gênero: mediações nas rotas de ingresso das mulheres na representação política. Revista de Sociologia e Política, n. 24, 2005. p. 193-215.

BARBOSA, Tiago Alexandre Leme. Mulheres na elite partidária brasileira: uma análise exploratória das Comissões Executivas estaduais. Observatório de elites políticas e sociais do Brasil, Curitiba, v. 2, n. 10, 2015. p. 1-13.

BARREIRA, Irlys Alencar Firmo; GONÇALVES, Dannyelle Nilin. Presença e ausência de candidatas: mapeando representações de dirigentes partidários. In: ALVES; J. E.; PINTO, C.; JORDÃO, F. (Orgs). Mulheres nas eleições 2010. Associação Brasileira de Ciência Política, 2012. p. 315-332.

BARROS, Antonio Teixeira . Internet e política para mulheres: análise dos websites das parlamentares da Bancada Feminina do Congresso Nacional. Revista Democracia Digital e Governo Eletrônico, v. 1, n. 12, 2015. p. 183-211.

BARROS, Antonio Teixeira; RODRIGUES, Malena. Rehbein; MARTINS, Lúcio Meireles. Estratégias de educação política dos partidos políticos brasileiros: as iniciativas digitais. Contextualizaciones Latinoamericanas, v. 7, n.3, p. 1-20, 2015.

BARROS, Antonio Teixeira. Estratégias de educação política dos partidos brasileiros: as iniciativas digitais. Contextualizaciones Latinoamericanas, n.13, 2016a. p.17-31.

BARROS, Antonio Teixeira. Educação e legislação: desafios para o aprendizado político e a cultura democrática. Educação & Sociedade, v. 37, 2016b. p. 861-872.

BARROS, Antonio Teixeira. Os partidos políticos brasileiros e suas estratégias digitais para atrair o eleitorado feminino. Relatório de pesquisa. Brasília, 2017.

BARROS, Antonio Teixeira. Juventude e poder político local: a percepção e o discurso de jovens sobre as eleições municipais de 2016. Sociedade e Estado, v. 33, n.3, 2018. p. 849-886.

BARROS, Antonio Teixeira; BUSANELLO, Elisabete . Machismo discursivo: modos de interdição da voz das mulheres no parlamento brasileiro. Revista Estudos Feministas, v. 27, n.2, 2019. p. 1-15.

BARROS, Antonio Teixeira; BUSANELLO, Elisabete; MITOZO, Isabele B. Depois de eleitas: os desafios de deputadas federais para o exercício do mandato. Revista Brasileira de Estudos Políticos, n. 120, 2020. p. 3-22.

BERNAUER, Julian; GIGER, Nathalie; ROSSET, Jan. Mind the gap: Do proportional electoral systems foster a more equal representation of women and men, poor and rich?. International Political Science Review, v. 36, n. 1, p. 78-98, 2015.

BIROLI, Flávia. Divisão sexual do trabalho e democracia. Dados, v. 59, n. 3, 2016. p. 719-754.

BRAGA, Maria do Socorro S.; SPECK, Bruno W. Organização partidária e carreiras políticas no nível local. In: XII Encontro da Brazilian Studies Association (BRASA), 2014, Londres. Anais...Londres, King’s College London, 2014. p. 20-23.

CELIS, Karen; CHILDS, Sarah. The substantive representation of women: What to do with conservative claims?. Political Studies, v. 60, n. 1, p. 213-225, 2012.

CODATO, Adriano; BERLATTO, Fábia; BOLOGNESI, Bruno. Tipologia dos políticos de direita no Brasil: uma classificação empírica. Análise Social, n. 229, 2018. p. 870-897.

COSTA, Luiz Domingos; BOLOGNESI, Bruno; CODATO, Adriano. Variáveis sobre o recrutamento político e a questão de gênero no Parlamento brasileiro. In: SALGADO, D.; DANTAS, I. (Orgs). Partidos políticos e seu regime jurídico: o desenho constitucional dos partidos políticos. Curitiba: Juruá, p. 209-228, 2013.

CROWDER-MEYER, Melody; LAUDERDALE, Benjamin E. A partisan gap in the supply of female potential candidates in the United States. Research & Politics, v.1, n.1, 2014. p. 1-7.

CZUDNOWSKI, Moshe M. (1075) “Political Recruitment”. In F.I. Greenstein e N. W. Polsby (eds.), Micropolitical Theory. Handbook of Political Science. Reading Massachusetts, Addison-Wesley Publishing Company, v.2., p.34-65.

DUVERGER, Maurice. Os Partidos Políticos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.

ELDER, Laurel. The partisan gap among women state legislators. Journal of Women, Politics & Policy, v.33, n.1, 2012. p. 65-85.

FERREIRA, Pedro Ricardo Bernardo. As juventudes partidárias são uma escola? Dissertação de mestrado (Ciência Política). Universidade de Aveiro, 2012. 229f.

GOLDENBERG, Mirian. Mulheres & militantes. Estudos Feministas, v. 5, n. 2, 1997. p.349-364.

GOMES, Larissa Peixoto Vale. Elegendo mulheres: ideologia partidária, feminismo e inclusão de mulheres na política. Revista Eletrônica de Ciência Política, v.7, n.1, 2016. p. 51-64.

GUIMARÃES, Andre Rehbein Sathler; Malena Rehbein Rodrigues; Ricardo de João Braga. Oligarquia desvendada: Organização e estrutura dos Partidos Políticos Brasileiros. Dados, v. 62, n. 2, 2019. p.1-34.

HEIDAR, Knut. Party membership and participation”. In: KATZ, Richard S.; WILLIAM J. (Eds). Handbook of Party Politics. London: Sage, 2006. p. 301-315.

HAZAN, Reuven. Candidate Selection. In: LEDUC, L.; NORRIS, P. (Ed.). Comparing Democracies 2. New Challenges in the Study of Elections and Voting. London/New Delhi, Sage/Thousand Oaks, 2002.

KATZ, Richard S.; MAIR, Peter. Party organizations: a data handbook on party organizations in western democracies, 1960-90.London: Sage, 1992.

KLAR, Samara. When common identities decrease trust: An experimental study of Partisan women”. American Journal of Political Science, v. 62, n. 3, 2018. p. 610-622.

KING, Gary; KEOHANE, Robert O.; VERBA, Sidney. The importance of research design in political science. American Political Science Review, v.89, n.2, 1995. p.475-481.

KISH, Leslie. Methods for design effects. Journal of official Statistics, v. 11, n. 1, p. 55, 1995.

KOSIARA-PEDERSEN, Karina ; SCARROW, Susan; VAN HAUTE, Emilie. Variations in Party Affiliation: Does Form Shape Content. In: ECPR Joint Sessions of Workshops, Salamanca, April, 2014. Anais…Salamanca, 2014. p. 10-15.

LACERDA, Alan Daniel Freire. Ação coletiva e cooperação intermunicipal em duas metrópoles. Caderno CRH, v. 24, n. 61, 2011. p. 153-166.

LLOREN, Anouk. Le genre comme ressource politique au service de la citoyenneté sociale des femmes: Le cas du Parlement suisse. Cahiers du Genre, v. 55, n. 2, 2013. p. 149-170.

LOVENDUSKI, J. The Dynamics of Gender and Party Politics. In: LOVENDUSKI, J.; NORRIS, P. (eds.). Gender and Party Politics. London: Sage, 1993.

MACHADO, Amanda Santos. Recrutamento partidário de jovens no Rio Grande do Sul. Tese de doutoramento (Ciência Política). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Ciência Política. 2016. 258f.

MATLAND, R. Estrategias para ampliar la participación femenina en el parlamento. El proceso de selección de candidatos legislativos y los sistemas electorales. In: MENDEZMONTALVO, M.; BALLINGTON, J. (Orgs). Mujeres en el Parlamento – más allá de los números. Stockholm: Institute for Democracy and Electoral Assistance, 2002.

MATOS, Marlise. Movimento e teoria feminista: é possível reconstruir a teoria feminista a partir do sul global?. Revista de sociologia e política, v. 18, n. 36, p. 67-92, 2010.

MERLO, Marina. Mulheres tomando partido e partidos fazendo candidatas: a atuação partidária na trajetória das eleitas. Tese (Doutorado em Ciência Política) – Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2017.

MIGUEL, Luis Felipe; MARQUES, Danusa; MACHADO, Carlos. Capital familiar e carreira política no Brasil: gênero, partido e região nas trajetórias para a Câmara dos Deputados. Dados, v. 58, n. 3, 2015. p. 721-747.

MOISÉS, José Álvaro; SANCHEZ, Beatriz Rodrigues. Representação política das mulheres e Qualidade da Democracia: o caso do Brasil. In: MOISÉS, José Álvaro (Org.). O Congresso Nacional, os partidos políticos e o sistema de integridade: representação, participação e controle interinstitucional no Brasil contemporâneo. – Rio de Janeiro : Konrad Adenauer Stiftung, 2014. p. 89-115.

MORAES Peixoto, Vitor; GOULART, Nelson Luis Motta; SILVA , Gabriel Tisse. A cota, o partido e a mulher: duas décadas de vigência das cotas eleitorais de gênero sobre as candidaturas partidárias nas eleições municipais proporcionais (1996-2016). CSonline - Revista Eletrônica de Ciências Sociais, n. 23, 2017. p. 209-228.

NORRIS, Pippa. Recrutamento político”. Revista de Sociologia e Política, v. 21, n. 46, 2013. p. 11-32.

NORRIS, Pippa; INGLEHART, R. Women Politicians: Transforming Westminster?. In NORRIS, P.;LOVENDUSKI, P. (eds.). Women in Politics. Oxford: Oxford University, 1996.

NOVELLINO, Maria Salet Ferreira; TOLEDO, Maria Luíza Guerra. As mulheres no campo político: uma análise das candidaturas femininas às prefeituras brasileiras (2000-2016). Inclusão Social, v. 11, n. 2, 2018. p. 17-28.

PALUMBO, María Mercedes. Saber falar: construção do capital militante nos movimentos populares na Argentina. Íconos. Revista de Ciencias Sociales, n. 61, 2018. p. 179-202.

PERES, Paulo; Amanda MACHADO. Uma tipologia do recrutamento partidário. Opinião Pública, v.23, n.1, 2017. p. 126-167.

PINTO, Céli R. Paradoxos da participação política da mulher no Brasil. Revista USP, n. 49, 2001. p. 98-112.

PINTO, Celi Regina J.; SILVEIRA, Augusta. Mulheres com carreiras políticas longevas no legislativo brasileiro (1950-2014). Opinião Pública, v. 24, n. 1, 2018. p. 178-208.

POWER, T.; MOCHEL, M. Political recruitment in an executive-centric system: presidents, governors, and ministers in Brazil. In: Siavelis, P.; Morgenstein, S. (eds). Pathways to power: political recruitment and candidate selection in Latin America. Pennsylvania: Pennsylvania State University Press, 2008. p. 21-36.

RESENDE, Roberta Carnelos; EPITÁCIO, Sara. Mulheres à esquerda e à direita: carreiras políticas e partidos políticos”. Mediações - Revista de Ciências Sociais, v. 22, n. 1, 2017. p.350-366.

RIBEIRO, Ednaldo Aparecido. Voto compulsório: a desigualdade na participação política. Em Debate, v. 5, n. 4, 2013. p. 41-68.

RIBEIRO, Pedro F.; AMARAL, Oswaldo E. Party members and high-intensity participation: evidence from Brazil. Revista de Ciencia Política, v. 39, n. 3, 2019. p. 489-515.

ROMBALDI, Maurício. O capital militante: uma tentativa de definição. Plural, v. 13, 2006. p. 127-134.

SACCHET, Teresa. Representação política, representação de grupos e política de cotas: perspectivas e contendas feministas. Revista Estudos Feministas, v. 20, n. 2, p. 399-431, 2012.

SANTANO, Ana Claudia; BERTOLINI, Jaqueline Ferreira; RADOMSKI, Jaqueline. A presença das mulheres nos estatutos partidários de ontem, de hoje e de amanhã: um levantamento de dados”. Revista Ballot, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, 2015. p. 103-122.

SEIDL, Ernesto. Notas sobre ativismo juvenil, capital militante e intervenção política. Política & Sociedade, v. 13, n. 28, 2014. p. 63-78.

SCARROW, S. Beyound party members: changing approaches to partisan mobilization. Oxford: Oxford University Press, 2015.

SCHEEFFER, Fernando. Ideologia e comportamento parlamentar na Câmara dos Deputados. Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, v. 27, n. 2, 2018.

SOMBRA, Thiago. Teoria Democrática e a Ação Coletiva de Pequenos Grupos. Revista de Informação Legislativa, v. 53 n. 210, 2016. p. 203-210.

SPECK, Bruno Wilhelm. O efeito contagiante do sucesso feminino: A eleição de prefeitas e o impacto sobre as candidaturas nos próximos pleitos. Latin American Research Review, v. 53, n. 1, 2018. p. 57-75.

SIAVELIS, Peter M. Pathways to power: Political recruitment and candidate selection in Latin America. The Pennsylvania State University Press, 2012.

SILVA, Natalia. Socialización Política Juvenil y Construcción del Compromiso Político en Chile: el Caso del Programa de Formación Vívelo de las Juventudes de la Unión Demócrata Independiente (UDI). Anais do XXX Congreso Latinoamericano de Sociologia (ALAS), Costa Rica 2015. Disponível em: http://actacientifica.servicioit.cl/biblioteca/gt/GT10/GT10_SilvaN.pdf Consultado em 22/02/21.

SCHATTSCHNEIDER, E. E. The Semi-Sovereign People: A Realist's View of Democracy in America. New York: Holt, Rinehart and Winston, 1960.

TAROUCO, Gabriela da Silva; MADEIRA, Rafael Machado. Partidos, programas e o debate sobre esquerda e direita no Brasil. Revista de Sociologia e politica, v. 21, n. 45, p. 149-165, 2013.

THOMSEN, Danielle M. Why so few (Republican) women? Explaining the partisan imbalance of women in the US Congress. Legislative Studies Quarterly, v. 40, n. 2, 2015. p. 295-323.

THOMSEN, Danielle M.; SWERS, Michele L. Which women can run? Gender, partisanship, and candidate donor networks. Political Research Quarterly, v. 70, n. 2, 2017. p. 449-463.

VIANA, Nildo. Manifestações populares e luta de classes. Revista Enfrentamento, v. 8, n. 13, 2019. p. 25-35.

Downloads

Publicado

2022-01-25

Como Citar

TEIXEIRA DE BARROS, A.; DA SILVA NASCIMENTO, W. Mulheres partidárias: atuação militante e participação nas atividades dos partidos. Revista Agenda Política, [S. l.], v. 9, n. 1, p. 186–225, 2022. DOI: 10.31990/agenda.2021.1.7. Disponível em: https://www.agendapolitica.ufscar.br/index.php/agendapolitica/article/view/590. Acesso em: 18 abr. 2024.