Controle reprodutivo e aborto

uma análise biopolítica dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres

Autores

  • Ana Claudia Delajustine Universidade Luterana do Brasil (ULBRA)

DOI:

https://doi.org/10.14244/agenda.2023.3.4

Palavras-chave:

Aborto, Biopolítica, Controle Reprodutivo

Resumo

O presente artigo aborda a gestão estatal do aborto, por meio da criminalização, como uma estratégia biopolítica de controle sobre corpos femininos individuais e de gestão do corpo social. Os objetivos da pesquisa são: abordar a relação da biopolítica e do capitalismo com o controle reprodutivo, com análise histórica do período de caça às bruxas; compreender os direitos sexuais e reprodutivos a partir da interseccionalidade; e analisar a atuação da manutenção do controle reprodutivo no Brasil por meio da clandestinidade do aborto. Como hipótese, considera a manutenção do aborto como fundamental para o controle biopolítico dos corpos femininos, intensificado pelo patriarcalismo. Utiliza, na investigação, o método histórico de abordagem e o método indutivo de procedimento.

Biografia do Autor

Ana Claudia Delajustine, Universidade Luterana do Brasil (ULBRA)

Professora do curso de Psicologia da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), campus Torres/RS. Mestra em Direitos Humanos pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ (2020), como bolsista CAPES. Pós-graduada em Terapia Cognitivo-Comportamental pela Universidade de Passo Fundo (UPF). Graduada em Psicologia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ (2015).

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Publicado

2024-11-19

Como Citar

DELAJUSTINE, Ana Claudia. Controle reprodutivo e aborto: uma análise biopolítica dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. Revista Agenda Política, [S. l.], v. 11, n. 3, p. 92–113, 2024. DOI: 10.14244/agenda.2023.3.4. Disponível em: https://www.agendapolitica.ufscar.br/index.php/agendapolitica/article/view/946. Acesso em: 21 jan. 2025.

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