A trajetória do Conselho Estadual de Cultura de Santa Catarina sob suas características institucionais

Autores

  • Thiago Guimarães Costa Fundação Catarinense de Cultura (FCC)
  • Karin Vieira da Silva Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)
  • Anderson Sasaki Vasques Pacheco Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)
  • Fábio Andreas Richter Fundação Catarinense de Cultura (FCC)

DOI:

https://doi.org/10.14244/agenda.2023.3.9

Palavras-chave:

Conselhos de cultura, Administração Pública, Sociedade civil

Resumo

O presente artigo objetiva analisar a trajetória do Conselho Estadual de Cultura de Santa Catarina sob a perspectiva das suas características institucionais. O enquadramento teórico da pesquisa trata da evolução dos conselhos de cultura federais, no Brasil, assim como as categorias de análise de conselhos de Buvinich. A investigação é classificada como qualitativa, com análise documental. O Conselho Estadual de Cultura de Santa Catarina, criado com a lei estadual 2975/61, tinha uma composição integralmente formada por atores governamentais. A composição governamental do conselho se perpetuou até 1996, quando passou a ser bipartite não paritário, com a sociedade civil sendo indicada por meio de instituições artísticas, culturais e científicas. Com a última alteração legal, em 2018, passou a integrar o sistema estadual de cultura, e, em alinhamento com as políticas públicas da União, sendo um conselho paritário e os representantes da sociedade civil indicados pelos seus pares. A primeira composição do conselho na década de 1960 tinha um alcance temático, composição meramente governamental e não vinculado e características consultivas e normativas, enquanto em sua última composição, em 2018, o conselho está inserido num alcance de políticas públicas (junto ao sistema estadual de cultura), composição bipartite paritário não vinculado com características consultivas, normativas, deliberativas e fiscalizadora. Portanto, a trajetória do Conselho Estadual de Cultura de Santa Catarina lança luzes sobre as possibilidades de abertura democrática destes importantes espaços de deliberação e formulação de políticas públicas.

Biografia do Autor

Thiago Guimarães Costa, Fundação Catarinense de Cultura (FCC)

Químico e pesquisador da Fundação Catarinense de Cultura (FCC). Doutor em Química Inorgânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Bacharel em Administração Pública pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). 

Karin Vieira da Silva , Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)

Professora Adjunta do curso de Administração Pública da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Doutora em Sociologia Econômica e das Organizações pelo Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa.

Anderson Sasaki Vasques Pacheco, Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)

Doutor em Sociologia Econômica das Organizações pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) da Universidade de Lisboa. Professor Adjunto do Departamento de Governança Pública da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e do Centro Universitário de Brusque - SC (UNIFEBE). Pesquisador do SOCIUS (Universidade de Lisboa).

Fábio Andreas Richter, Fundação Catarinense de Cultura (FCC)

Historiador da Fundação Catarinense de Cultura (FCC). Doutor em História pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

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Publicado

2024-11-19

Como Citar

COSTA, Thiago Guimarães; SILVA , Karin Vieira da; PACHECO, Anderson Sasaki Vasques; RICHTER, Fábio Andreas. A trajetória do Conselho Estadual de Cultura de Santa Catarina sob suas características institucionais. Revista Agenda Política, [S. l.], v. 11, n. 3, p. 203–224, 2024. DOI: 10.14244/agenda.2023.3.9. Disponível em: https://www.agendapolitica.ufscar.br/index.php/agendapolitica/article/view/938. Acesso em: 21 jan. 2025.

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