O petismo é um fenômeno de classe?

Partidarismo e Clivagens Classistas no Brasil

Autores

  • Marcos Felipe Rodrigues de Sousa Universidade Federal do Pará
  • Gustavo César de Macêdo Ribeiro Universidade Federal do Pará

DOI:

https://doi.org/10.31990/agenda.2021.3.10

Palavras-chave:

Partidarismo, Classes Sociais, PT, Petismo

Resumo

Este artigo objetiva compreender as bases sociais das preferências partidárias pelo Partido dos Trabalhadores (petismo) a partir da análise de classe. Baseados em pesquisas do Datafolha, produzimos uma tipologia composta por quatro grupamentos classistas – Empresários e Profissionais Liberais; Classe de Serviço; Classe Trabalhadora; Autônomos e Precários. Analisamos os percentuais de adesão ao petismo no interior de tais grupamentos durante o período 2002-2018. Em relação ao primeiro ano da série, os números declinaram entre todas as classes. Todavia, a adesão ao petismo foi relativamente menor entre Empresários e Profissionais Liberais e maior entre Trabalhadores e Autônomos e Precários. Igualmente, produzimos modelos de regressão logística que demonstraram a associação entre classe e petismo em 2002 e 2018. Assim, acrescentamos à literatura sobre petismo dados sobre adesão classista ao fenômeno, revelando as especificidades tanto das classes médias quanto das trabalhadoras.

Biografia do Autor

Marcos Felipe Rodrigues de Sousa, Universidade Federal do Pará

Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido da Universidade Federal do Pará (PPGDSTU/UFPA). Mestre em Ciência Política (PPGCP/UFPA). E-mail: marcos.csociais@gmail.com. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-1545-1141.

Gustavo César de Macêdo Ribeiro, Universidade Federal do Pará

Professor Adjunto (UFPA). Doutor em Ciências Sociais (UFRN). Em estágio pós-doutoral no Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFMG. E-mail: gustavo.cmr@gmail.com. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-6467-6558.

Referências

BORGES, A.; VIDIGAL, R. Do lulismo ao antipetismo? Polarização, partidarismo e voto nas eleições presidenciais brasileiras. Opinião Pública, Campinas, v. 24, n. 1, p. 53-89, abr. 2016.

BRAGA, M. S. S.; PIMENTEL, JR., J. Os partidos políticos brasileiros realmente não importam? Opinião Pública, Campinas, v. 17, n. 2, p. 271-303, nov. 2011.

BREEN, R. Foundations of a neo-Weberian Class Analysis. In: WRIGHT, E. O. Approaches to Class Analysis. Cambridge: Cambridge University Press, 2005.

CARREIRÃO, Y. S.; KINZO, M. D. G. Partidos políticos, preferência partidária e decisão eleitoral no Brasil. Dados, Rio de Janeiro, v. 47, n. 1, p. 131-168, dez. 2004.

CERVI, E. Manual de métodos quantitativos para iniciantes em Ciência Política. Curitiba: Cpop, 2019. 314 p.

CESOP – CENTRO DE ESTUDOS DE OPINIÃO PÚBLICA. Banco de dados. 2018. Disponível em: https://www.cesop.unicamp.br/por/banco_de_dados. Acesso em: 11 de jun. 2020.

DALTON, R. J.; WELDON, S. Partisanship and Party System Institutionalization. Party Politics, Brighton, v. 13, n. 2, p.179-196, mar. 2007.

DATAFOLHA. Bancos de dados (2002-2018). Centro de Estudos de Opinião Pública (CESOP), 2018. Disponível em: https://www.cesop.unicamp.br/por/banco_de_dados >. Acesso em: 14 set. 2019.

ERIKSON, R. GOLDTHORPE, J. H. PORTOCARERO, L. Intergenerational Class Mobility in Three Western European Societies. British journal of Sociology, Londres, v.1, n. 30, p. 415-441, fev. 1979.

EVANS, G. The end of class politics? Class voting in comparative context. New York: Oxford University Press, 1999.

EVANS, G. The continued significance of class voting. Annual Review of Political

Science, Oxford, v. 3, 2000.

EVANS, G.; TILLEY, J. The new politics of class: the political exclusion of the British working class. Oxford: Oxford University Press, 2017.

GIMENES, E. R. A relação dos eleitores com partidos políticos em novas democracias: partidarismo na América Latina. 2015. Tese (Doutorado em Sociologia Política) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015.

GIMENES, E. R. et al. Partidarismo no Brasil: análise longitudinal dos condicionantes da identificação partidária (2002-2014). Revista Debates, Porto Alegre, v. 10, n. 2, p. 121-148, abr. 2016.

GOLDTHORPE, J. H. On Sociology: Numbers, Narratives and the Integration of Research and Theory. Oxford: Oxford University Press, 2000.

GOLDTHORPE, J; MCKNIGHT, A. The economic bases of social class. Londres: CASEpaper, 2010. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/93872.pdf. Acesso em: 20 set. 2019.

HEATH, A. et al. Understanding political change. Oxford: Pergamon, 1991.

HOLZHACKER, D. O.; BALBACHEVSKY, E. Classe, ideologia e política: uma interpretação dos resultados das eleições 2002 e 2006. Opinião Pública, Campinas, v.13, n.2, p. 283-306, 2007.

KINZO, M. D. G. Partidos, eleições e democracia no Brasil pós-1985. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 19, n. 54, p. 23-40, fev. 2004KINZO, M. D. G. Os partidos no eleitorado: percepções públicas e laços partidários no Brasil. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 20, n. 57, p. 65-81, fev. 2005.

KRAUSE, S.; LAMEIRÃO, A. P.; PAIVA, D. O eleitor antipetista: partidarismo e avaliação retrospectiva. Opinião Pública, Campinas, v. 22, n. 3, p. 638-674, dez. 2016.

LAPOP – LATIN AMERICAN PUBLIC OPINION PROJECT. Lapop Brasil. 2020. Disponível em: http://www.latinobarometro.org/latContents.jsp. Acesso em: 5 de set. 2021

LATINOBARÓMETRO – OPINIÃO PÚBLICA LATINOAMERICANA. Banco de Datos 2010. Disponível em: http://www.latinobarometro.org/latContents.jsp. Acesso em: 4 set. 2021.

LIPSET, S. M.; ROKKAN, S. Cleavage structures, party systems and voter alignments: an introduction. In: LIPSET, S.M., ROKKAN, S. (eds). Party systems and voter alignments. New York: Free Press, 1967.

MAINWARING, S.; TORCAL, M.; SOMMA, N. The left and the mobilization of class voting in Latin America. In: CARLIN, R. E.; SINGER, M. M.; ZECHMEISTER, E. J. The Latin American Voter: Pursuing representation and accountability in challenging contexts. Ann Arbor: University of Michigan Press, 2015.

MANZA, J.; HOUT, M.; BROOKS, C. Class voting in capitalist democracies since World War II: dealignment, realignment, or trendless fluctuation? Annual Review of Sociology, Palo Alto, v. 21, n. 1, p. 137-162, dez. 1995.

PRZEWORSKI, A. Capitalismo e social-democracia. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

RENNÓ, L; CABELLO, A. As bases do lulismo: a volta do personalismo, realinhamento ideológico ou não alinhamento? Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 25, n. 74, p. 39-60, out. 2010.

RENNÓ, L; TURGEON, M. A psicologia política das classes sociais no Brasil: atributos das atitudes políticas por estratificação e mobilidade social. DADOS, São Paulo, v. 59, n.1, p. 11-51, dez. 2016.

RIBEIRO, C. A. C; ISRAEL, V. P. Voto assimétrico, classes e mobilidade social no Brasil. Tempo soc., São Paulo, v. 28, n. 2, p. 105-130, aug. 2016.

RIBEIRO, C. A. C.; CARVALHARES, F. Estratificação e mobilidade social no Brasil: uma revisão da literatura na sociologia de 2002 a 2018. In: CAMPOS, L. A; CHAGURI, M; FLEURY, L. Ciências Sociais Hoje: Sociologia. São Paulo: Zeppelini Publishers: 2020.

RIBEIRO, E.; CARREIRÃO, Y.; BORBA, J. Sentimentos partidários e antipetismo: condicionantes e covariantes. Opinião Pública, Campinas, v. 22, n. 3, p. 603-637, dez. 2016.

RIBEIRO, G. C. M. Classes sociais e eleições presidenciais no Brasil contemporâneo (2002-2010). 2014. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2014.

RIBEIRO, G. C. M. Lulismo, petismo e classes sociais: revisitando teses sobre comportamento político no Brasil. In: ENCONTRO DA ABCP, v. 11, 2018, Curitiba. Anais do 11º Encontro da Associação Brasileira de Ciência Política. Curitiba: ABCP, 2018, p.1-22.

RIBEIRO, G. C. M. Voto de classe no Brasil: de Lula a Bolsonaro. In: ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS, v.43, 2019, Caxambu. Anais do 43º Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Ciências Sociais. Caxambu, 2019.

SAMUELS, D. As bases do petismo. Opinião Pública, Campinas, v.10, n. 2, p.221-241, fev. 2004.

SAMUELS, D. Sources of mass partisanship in Brazil. Latin American Politics and Society, Miami, v. 48, n.1, p. 1-27, jan. 2006.

SAMUELS, D.; ZUCCO, C. Lulismo, petismo and the future of Brazilian politics. Journal of Politics in Latin America, Hamburgo, v. 6, n. 3, p. 129-158, ago. 2014.

SAMUELS, D.; ZUCCO, C. Partisans, antipartisans, and nonpartisans: voting behavior in Brazil. Cambridge: Cambridge University Press, 2018.

SANTOS, J. A. F. Uma classificação socioeconômica para o Brasil. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 20, n. 58, p. 27-45, 2005.

SANTOS, J. A. F. Posições de classe destituídas no Brasil. In: SOUZA, Jessé. A ralé brasileira: quem é e como vive. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2009. p. 463-478.

SARTORI, G. Da sociologia da política à sociologia política. In: LIPSET, S. M. (Org.). Política e Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Zahar, 1972.

SINGER, A. Raízes sociais e ideológicas do lulismo. Novos estudos, São Paulo, n. 85, p. 83-102, fev. 2009.

SINGER, A. A segunda alma do partido dos trabalhadores. Novos estudos-CEBRAP, São Paulo, v. 1, n. 88, p. 89-111, dez. 2010.

SINGER, A. Os sentidos do lulismo: reforma gradual e pacto conservador. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

VEIGA, L. Os partidos brasileiros na perspectiva dos eleitores: mudanças e continuidades na identificação partidária e na avaliação das principais legendas após 2002. Opinião Pública, Campinas, v. 13, n. 2, p. 340-365, fev. 2007.

VEIGA, L. F. O partidarismo no Brasil (2002/2010). Opinião Pública, Campinas, v. 17, n. 2, p. 400-425, nov. 2011.

WEAKLIEM, D. L.; ADAMS, J. What do we mean by “Class Politics”? Politics & Society. v. 39, n. 4, 2011.

WRIGHT, E. O. Class Counts: comparative studies in class analysis; student edition. Cambridge: Cambridge University Press, 2000.

Downloads

Publicado

2022-04-12

Como Citar

RODRIGUES DE SOUSA, M. F.; DE MACÊDO RIBEIRO, G. C. O petismo é um fenômeno de classe? Partidarismo e Clivagens Classistas no Brasil. Revista Agenda Política, [S. l.], v. 9, n. 3, p. 268–295, 2022. DOI: 10.31990/agenda.2021.3.10. Disponível em: https://www.agendapolitica.ufscar.br/index.php/agendapolitica/article/view/528. Acesso em: 27 abr. 2024.