Pastores candidatos nas eleições 2020
um estudo da campanha online majoritária a partir de uma proposta analítica
DOI:
https://doi.org/10.31990/agenda.2021.2.2Palavras-chave:
pastores, candidatos, religião e política, eleições 2020, campanha onlineResumo
Este artigo apresenta uma proposta metodológica e uma análise sobre como temas e elementos religiosos aparecem e marcam as campanhas nas disputas eleitorais no Brasil. Em um país claramente cristão, os candidatos tendem a apresentar características que indicam um atravessamento da religião na esfera político-eleitoral. Para verificar como isso ocorre, a pesquisa busca identificar padrões de campanha no ambiente digital, onde há menor interferência dos partidos e os candidatos têm uma produção contínua. Para tanto, é feita uma proposta de análise das campanhas digitais tendo como foco a percepção do peso da religião em cada disputa, a qual é testada a partir da análise de três candidaturas – Pastor Gil, Pastor Capitão Anderson e Pastor Paulo Peres – de municípios de diferentes portes e regiões. A categorização de 176 posts indica, nos resultados, elementos que padronizam as disputas dos pastores, como a sutileza do peso da religião nas campanhas online. No entanto, também há especificidades, as quais são encontradas ao observar as temáticas, cenários de campanha e elementos religiosos.
Referências
ALBUQUERQUE, A. DE; STEIBEL, F. B.; CARNEIRO, C. M. Z. Um Ilustre Desconhecido: Notas sobre a Campanha para as Eleições Proporcionais na Televisão. I Congresso Anual da Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Política. Anais...2006
ALENCAR, G. F. DE. Jair Messias Bolsonaro: o “ eleito” de Deus ? Revista Brasileira de História das Religiões, n. 37, p. 161–175, 2020.
ALMEIDA, R. DE. Deus acima de todos. In: Democracia em risco? 22 ensaios sobre o Brasil hoje. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
ALVES, M.; CASSOTTA, P. L. Políticos de Deus: análise das campanhas de evangélicos eleitos para Deputado Federal por São Paulo (2010, 2014 e 2018). Revista Debates, v. 14, p. 36–59, 2020.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. 1. ed. [s.l.] Edições 70, 2011.
BAUER, M. W. Análise de Conteúdo Clássica: Uma Revisão. In: Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2008.
BOAS, T. C. The Electoral Representation of Evangelicals in Latin America. Oxford Research Encyclopedia of Politics, n. February, p. 1–26, 2020.
BORGES, T. D. P.; BABIRESKI, F. R.; BOLOGNESI, B. No voto e na fé: bases sociais e estratégias eleitorais dos candidatos evangélicos nas eleições de 2016 em Curitiba. Caxambu-MG: [s.n.].
CÂMARA DOS DEPUTADOS. Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional. Disponível em: <https://www.camara.leg.br/internet/deputado/frenteDetalhe.asp?id=54010>.
CARVALHO JUNIOR, E. T. DE; ORO, A. P. Eleições municipais 2016: religião e política nas capitais brasileiras. Debates do NER, v. 2, n. 32, p. 15–68, 2018.
CASSOTTA, P. L. Avaliando a atuação dos deputados evangélicos na Câmara dos Deputados: comportamento partidário ou religioso? [s.l.] UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS, 2015.
CERQUEIRA, C. Igreja como partido: a relação entre a Igreja Universal do Reino de Deus e o Republicanos. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 36, n. 107, 2021.
CERVI, E. U. HGPE em eleições proporcionais no Brasil: Proposta de instrumento de análise de conteúdo do horário eleitoral no rádio e tevê de candidatos a cargos legislativos. 7o Encontro da ABCP 4. Anais...2010
CESAR, L. D. O.; SALDANHA, P. G. Pastor Silas Malafaia e o uso estratégico das mídias digitais: o novo púlpito religioso no cotidiano midiatizado. Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde, v. 13, n. 1, p. 172–190, 2019.
CODATO, A.; BERLATTO, F.; BOLOGNESI, B. Tipologia dos políticos de direita no Brasil: uma classificação empírica. Análise Social, v. LIII, n. 229, p. 870–897, 2018.
COMSCORE. 2018 em números e benchmarks para 2019. Disponível em: <https://www.teoriadigital.com.br/wp-content/uploads/2019/04/BenchmarksInfographic_MAR2019_02.pdf>. Acesso em: 29 maio. 2020.
COPPEDGE, M. A classification of Latin American political parties. Helen Kellogg Institute for International Studies, v. 244, 1997.
CUNHA, M. D. N. Os processos de midiatização das religiões no Brasil e o ativismo político digital evangélico. Revista FAMECOS, v. 26, n. 1, p. 30691, 2019.
CUNHA, M. N. Religião no noticiário: marcas de um imaginário exclusivista no jornalismo brasileiro. E-Compós, v. 19, n. 1, 2016.
D’ANDRÉA, C. Conexões intermidiáticas entre transmissões audiovisuais ao vivo e redes sociais online: possibilidades e tensionamentos. Revista Comunicação Midiática, v. 10, n. 2, p. 61–75, 2015.
EXAME. ELEIÇÕES 2020: aumenta em 34% o número de candidatos evangélicos. Disponível em: <https://exame.com/brasil/eleicoes-2020-aumenta-em-34-o-numero-de-candidatos-evangelicos/>.
FIGUEIREDO, M. Intenção de Voto e Propaganda Política: efeitos e gramáticas da propaganda eleitoral. Logos, v. 27, n. 14, p. 9–20, 2007.
FOLHA DE S. PAULO. Cara típica do evangélico brasileiro é feminina e negra, aponta Datafolha. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/01/cara-tipica-do-evangelico-brasileiro-e-feminina-e-negra-aponta-datafolha.shtml>. Acesso em: 12 nov. 2020.
FRESTON, P. Protestantes e política no Brasil: da Constituinte ao Impeachment. [s.l.] Universidade Estadual de Campinas, 1993.
GOLDSTEIN, A. A. Poder evangélico: Cómo los grupos religiosos están copando la política en América. 1. ed. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Marea, 2020.
GRUPO DE MÍDIA. Mídia Dados Brasil 2020. São Paulo: [s.n.]. Disponível em: <https://midiadados2020.com.br/midia-dados-2020.pdf>.
GUADALUPE, J. L. P. Evangelicals and Political Power in Latin America. 1. ed. Lima: Konrad Adenaur Stiftung e Institute of Social Christian Studies of Peru, 2019.
HEREDIA, B.; PALMEIRA, M. O voto como adesãoTeoria e cultura, 2006.
IBGE. Cidades. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/>.
MARIANO, R. Laicidade à brasileira: católicos, pentecostais e laicos em disputa na esfera pública. Civitas - Revista de Ciências Sociais, v. 11, n. 2, p. 238–258, 2011.
MARIANO, R.; GERARDI, D. A. Eleições presidenciais na América Latina em 2018 e ativismo político de evangélicos conservadores. Revista USP, n. 120, p. 61–76, 2019.
MARIANO, R.; PIERUCCI, A. F. O Envolvimento Dos Pentecostais Na Eleição De Collor. Novos Estudos, n. 34, p. 92–106, 1992.
MARTINO, L. M. S. A pesquisa em mídia e religião no Brasil: articulações teóricas na formação de uma área de estudos. Comunicação & Inovação, v. 15, n. 29, p. 81–93, 2014.
MARTINO, L. M. S. A mediatização do campo religioso: esboço de uma síntese possível. Comunicação & Informação, v. 18, n. 2, p. 6–21, 2015.
MARTINO, L. M. S. Mídia, religião e sociedade: das palavras às redes digitais. [s.l.] Paulus, 2017.
MASSUCHIN, M. G. et al. A construção da campanha eleitoral majoritária no HGPE: uma análise comparada das estratégias usadas pelos presidenciáveis de 2014. Política & Sociedade, v. 15, n. 32, p. 171–203, 2016.
MEZZOMO, F. A.; ANJOS, B. L. DOS; PÁTARO, C. S. O. "A milícia dos remidos marcha impoluta”: campanha de evangélicos assembleianos ao legislativo paranaense em 2018. Projeto História : Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de História, v. 67, p. 42–78, 2020.
MIGUEL, L. F. Apelos discursivos em campanhas proporcionais na televisão. Política & Sociedade, v. 9, n. 16, 2010.
ORO, A. P. A política da Igreja Universal e seus reflexos nos campos religioso e político brasileiros. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 18, n. 53, p. 53–69, 2003.
PEW RESEARCH CENTER. Religion in Latin America. Disponível em: <https://www.pewforum.org/2014/11/13/religion-in-latin-america/>. Acesso em: 23 fev. 2021.
PIERUCCI, A. F.; PRANDI, R. Religiões e voto: a eleição presidencial de 1994. Opinião Pública, v. 3, n. 1, p. 32–63, 1995.
PRANDI, R.; SANTOS, R. W. DOS. Quem tem medo da bancada evangélica? Posições sobre moralidade e política no eleitorado brasileiro, no congresso nacional e na frente parlamentar evangélica. Tempo Social, v. 29, n. 2, p. 187–214, 2017.
PRANDI, R.; SANTOS, R. W. DOS; BONATO, M. Igrejas evangélicas como máquinas eleitorais no Brasil. Revista USP, n. 120, p. 43–60, 2019.
QUADROS, M. P. DOS R.; MADEIRA, R. M. Fim da direita envergonhada? Atuação da bancada evangélica e da bancada da bala e os caminhos da representação do conservadorismo no Brasil. [s.l: s.n.]. v. 24
RODRIGUES-SILVEIRA, R.; CERVI, E. U. Evangélicos e voto legislativo: Diversidade confessional e voto em deputados da bancada evangélica no Brasil. Latin American Research Review, v. 54, n. 3, p. 560–573, 2019.
SANTOS, S. DOS; CAPPARELII, S. Crescei e Multiplicai-vos: a explosão religiosa na televisão brasileira. Intexto, v. 2, n. 11, p. 1–24, 2008.
SANTOS, M. B. Pastores na urna: como se distribuíram os prefeituráveis na eleição de 2020. Disponível em: <http://www.cpop.ufpr.br/portal/tag/religiao/>.
SILVA, L. G. T. DA. Religião e política no Brasil. Latinoamérica. Revista de Estudios Latinoamericanos, v. 64, n. 64, p. 223, 2017.
SILVA NEVES, D.; BUTTURE KNIESS, A.; ULTRAMARI, D. Estratégias de discurso no HGPE na campanha pela prefeitura de Curitiba em 2016. Revista Agenda Política, v. 05, n. 02, p. 66–86, 2017.
TANAKA, M. G. O voto da fé: comportamento eleitoral e recrutamento partidário dos deputados estaduais evangélicos em São Paulo (2002-2014). [s.l.] Universidade Estadual de Campinas, 2018.
WALTER, A. V. N. P.; RIBEIRO, E. A. Ativismo Religioso e Ativismo Político : O Papel das Instituições Religiosas no Comportamento Político dos Brasileiros e Latino-Americanos. I Seminário Internacional de Ciência Política - UFRGS. Anais...Porto Alegre: 2015
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Agenda Política
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Direito Autoral
Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License o que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
- As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões da revista.
- Após a primeira publicação, o autor tem autorização para assumir contratos adicionais, independentes da revista, para a divulgação do trabalho por outros meios (ex: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), desde que feita a citação completa da mesma autoria e da publicação original.
- O autor de um artigo já publicado tem permissão e é estimulado a distribuir o seu trabalho on-line, sempre com as devidas citações da primeira edição.