Os “Representantes de Deus” e o sistema partidário

uma análise da distribuição das candidaturas evangélicas (1998-2014)

Autores

  • Tiago Borges UFSC
  • Flávia Babireski UFPR

DOI:

https://doi.org/10.31990/agenda.2021.2.3

Palavras-chave:

Partidos Políticos, Evangélicos, Sistema partidário, Representação política, Instituições políticas brasileiras

Resumo

O artigo trata da relação entre o sistema partidário brasileiro e a inserção dos evangélicos na arena política nos últimos anos, investigando o lançamento de candidaturas para Deputado Federal por parte das principais Igrejas neopentecostais entre 1998 e 2014. Mesmo com certa estabilidade institucional, indagamos a respeito de transformações e de diferenças na distribuição de candidaturas nos partidos. Em uma análise da distribuição de candidaturas vinculadas às Igrejas evangélicas, identificamos: progressivo esvaziamento de candidaturas evangélicas nos partidos mais tradicionais, com um aumento expressivo em partidos médios e pequenos; diferentes estratégias o campo evangélico: enquanto a Assembleia de Deus dispersou suas candidaturas, a Igreja Universal do Reino de Deus concentrou em apenas um partido. Tais achados sugerem que a heterogeneidade do campo evangélico foi absorvida pelo nosso sistema partidário, que não colocou empecilhos para as diferentes estratégias.

Biografia do Autor

Tiago Borges, UFSC

Professor adjunto do Departameto de Sociologia e Ciência Política (UFSC) e do Programa de Pós Graduação de Sociologia e Ciência Política (UFSC). E-mail: tiago.daher@ufsc.br, ORCID: 0000-0001-6961-8579

Flávia Babireski, UFPR

Flávia Roberta Babireski, doutoranda em Ciência Política no PPGCP/UFPR, estuda partidos políticos, partidos de direita e partidos religiosos. Contato: flaviababireski@gmail.com. ORCID: 0000-0003-4411-6542.

Referências

BERLATTO, F., CODATO, A. and BOLOGNESI, B. ‘Da polícia à política: explicando o perfil dos candidatos das Forças Repressivas de Estado à Câmara dos Deputados’, Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n. 21, pp. 77–120, 2016.

BORGES, T.. “Identidade Política Evangélica e os Deputados Estaduais Brasileiros”. Perspectivas: Revista de Ciências Sociais, v. 35., pp. 149-171, 2009.

BORGES, T., BABIRESKI, F., BOLOGNESI, B.. “No voto e na fé: bases sociais e estratégias eleitorais dos candidatos evangélicos nas eleições de 2016 em Curitiba”. Paper apresentado no 41° Encontro da ANPOCS, Caxambu (MG), 2017.

COX, G. . Making votes count: strategic coordination in the World’s electoral systems. Cambridge: Cambridge University Press, 1997.

CARBONELLI, M.. “Valores para mi País: Evangélicos en la Esfera Política Argentina (2008-2011). Dados, vol. 58, n. 4, p. 981-1015. 2015.

CASSOTTA, P.. Partido Social Cristão: organização e distribuição do poder. Tese de Doutorado. Universidade Federa de São Carlos, 2019.

DANTAS, B. Religião e política: ideologia e ação da Bancada Evangélica na Câmara Federal. Tese de Doutorado. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2011.

DIP, A. . Em nome de quem? A bancada evangélica e seu projeto de poder. Civilização Brasileira: Rio de Janeiro, 2018.

DUVERGER, M. Os partidos políticos. Zahar Editores: Rio de Janeiro,1970.

FONSECA, A. Secularização, pluralismo religioso e democracia no Brasil: um estudo sobre a participação dos principais atores evangélicos na política. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, 2002.

FRESTON, P. Protestantes e Política no Brasil: da Constituinte ao Impeachment. Tese de doutorado, Universidade Estadual de Campinas. 1993.

KALYVAS, S. The Rise of Christian Democracy in Europe. Ithaca, NY: Cornell Univ. Press, 1996.

KINZO, M. (2004). “Partidos, eleições e democracia no Brasil pós-1985”. Revista Brasileira de Ciências Sociais. v. 19, n. 54. p. 23-40, 2004.

LACERDA, F. “Evangelicals, Pentecostals nnd Political Representation In Brazilian Legislative Elections (1998-2010)”. Revista Brasileira de Ciências Sociais., v. 32, n. 93. p. 1-23, 2017.

LACERDA, F. Banco de Dados de Candidaturas Evangélicas. Departamento de Ciência Política, Universidade de São Paulo - USP. In: Consórcio de Informações Sociais, 2017. Disponível em <http://www.cis.org.br>. Acesso em 15/05/2018. 2007b.

LAPALOMBARA, J., WEINER, M.. “The origin and development of political parties” In: LAPALOMBARA, J, WEINER, M.. Political parties and political development. Princeton: Princeton University Press, 1966, p. 3-42.

LIJPHART, A. (1994). Electoral systems and party systems: a study of twenty-seven democracies, 1945-1990. Oxford: Oxford University Press. 1994.

LIPSET, S., ROKKAN, S. “Cleavage structures, party systems, and voter alignments”. In: MAIR, P. (ed). The West European Party System. Oxford: Oxford University Press, 1990. p. 91-138.

MACHADO, M. D. C (2006). Política e Religião: a participação dos evangélicos nas eleições. São Paulo: FVG Editora.

MAINWARING, S. Sistemas partidários em novas democracias: o caso do Brasil. Rio de Janeiro/Porto Alegre: FGV/ Mercado Aberto, 2001.

MARIANO, R. & ORO, A, “The reciprocal instrumentalization of religion and politics in Brazil”. Annual Review of the Sociology of Religion, v. 2. p. 245-266. 2011.

MACHADO, M. D. C. & BURITY, J., “A Ascensão política dos pentecostais no Brasil na avaliação de líderes religiosos”. Dados. v. 57, n. 3, p. 601-631. 2014.

MARIANO, R.. (2004), “Expansão pentecostal no Brasil: o caso da Igreja Universal”. Estudos Avançados, v. 18, n. 52, p. 121-138. 2004.

MELO, C. R. “Eleições presidenciais, jogos aninhados e sistema partidário no Brasil”. Revista Brasileira de Ciência Política. n. 4. pp. 13-41, 2010.

NASCIMENTO, C. C. Igreja como partido: capacidade de coordenação eleitoral da Igreja Universal do Reino de Deus. Tese de Doutorado. Fundação Getúlio Vargas, 2017.

NETTO, G. F., SPECK, B. O dinheiro importa menos para os candidatos evangélicos? Opinião Pública, v. 23, n. 3, p. 809-836, 2017

NEUMANN, S. Partidos políticos modernos. Madrid: Tecnos, 1965.

NICOLAU, J. “O sistema eleitoral de lista aberta no Brasil”. Dados, v.49, n.4, p. 689-720, 2006.

ORO, A P. “A política da Igreja Universal e seus reflexos nos campos religioso e político brasileiros”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 18, n. 53, p. 53-69, 2003.

PEREIRA, C., MUELLER, B. “Partidos fracos na arena eleitoral e partidos fortes na arena legislativa: a conexão eleitoral no Brasil”. Dados, v. 46, n. 4, p. 735-771, 2003.

PERES, P. “Comportamento ou Instituições? A Evolução Histórica do Neo-Institucionalismo da Ciência Política”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 23, n. 68. p. 53-72. 2008.

PIERUCCI, A. F., PRANDI, R. A realidade social das religiões no Brasil: religião sociedade e política. São Paulo: HUCITEC. 1996.

PRANDI, R., CARNEIRO, J. (2018). “Em nome do pai: Justificativas do voto dos deputados federais evangélicos e não evangélicos na abertura do impeachment de Dilma Rousseff”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 33, n. 96. p. 1-22, 2018.

RAE, D. The political consequences of electoral laws. New Haven/ London: Yale University Press, 1967.

SAMUELS, D. “Determinantes do Voto Partidário em Sistemas Eleitorais Centrados no Candidato: Evidências sobre o Brasil”. Dados, v. 4, n. 03, 1997.

SCHOENFELDER, R., PAZ, J., “A Igreja do Evangelho Quadrangular nas eleições de 2006: a disputa pela vaga de deputado Federal”. Debates do NER, v. 7, n. 10, p. 27-37. 2006.

SOARES, G. A Democracia Interrompida. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2001.

STOLL, H.. Changing Societies, Changing Party Systems. Cambridge: Cambridge University Press. 2013

TAAGAPERA, R., SHUGART, M.. Seats and votes: the effects and determinants of electoral systems. New Haven: Yale University Press, 1989.

TANAKA, Marcela G (2018). O Voto da Fé: comportamento eleitoral e recrutamento partidário dos deputados estaduais evangélicos em São Paulo (2002-2014). Dissertação de Mestrado, UNICAMP, Campinas.

TAVARES. J. A.. Sistemas eleitorais nas democracias contemporâneas: teoria, instituições, estratégia. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1994.

VILLAZÓN, J. “Velhas e novas direitas religiosas na América Latina: os evangélicos como fator político”. In: CRUZ, S. V, KAYSEL, A., CODAS, G. (org). Direita, Volver!: o retorno da direita e o ciclo político brasileiro. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2015. P. 163-168.

WEBER, M. Ciência e política: duas vocações. São Paulo: Cultrix, 1991.

Downloads

Publicado

2022-01-25

Como Citar

BORGES, T.; BABIRESKI, F. Os “Representantes de Deus” e o sistema partidário: uma análise da distribuição das candidaturas evangélicas (1998-2014). Revista Agenda Política, [S. l.], v. 9, n. 2, p. 73–100, 2022. DOI: 10.31990/agenda.2021.2.3. Disponível em: https://www.agendapolitica.ufscar.br/index.php/agendapolitica/article/view/550. Acesso em: 20 abr. 2024.