Os “Representantes de Deus” e o sistema partidário
uma análise da distribuição das candidaturas evangélicas (1998-2014)
DOI:
https://doi.org/10.31990/agenda.2021.2.3Palavras-chave:
Partidos Políticos, Evangélicos, Sistema partidário, Representação política, Instituições políticas brasileirasResumo
O artigo trata da relação entre o sistema partidário brasileiro e a inserção dos evangélicos na arena política nos últimos anos, investigando o lançamento de candidaturas para Deputado Federal por parte das principais Igrejas neopentecostais entre 1998 e 2014. Mesmo com certa estabilidade institucional, indagamos a respeito de transformações e de diferenças na distribuição de candidaturas nos partidos. Em uma análise da distribuição de candidaturas vinculadas às Igrejas evangélicas, identificamos: progressivo esvaziamento de candidaturas evangélicas nos partidos mais tradicionais, com um aumento expressivo em partidos médios e pequenos; diferentes estratégias o campo evangélico: enquanto a Assembleia de Deus dispersou suas candidaturas, a Igreja Universal do Reino de Deus concentrou em apenas um partido. Tais achados sugerem que a heterogeneidade do campo evangélico foi absorvida pelo nosso sistema partidário, que não colocou empecilhos para as diferentes estratégias.
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