Imagem internacional do Brasil no início do século XXI: Percepções sobre a ascensão
DOI:
https://doi.org/10.31990/agenda.2019.1.4Resumen
Partimos da ideia de que a primeira década dos anos 2000 foi um período em que houve uma mudança positiva em relação à percepção da imagem e do papel do Brasil no cenário internacional. Compreendendo que tradicionalmente o sistema político internacional funciona através de uma lógica de hierarquização dos Estados, pesquisas no âmbito das relações internacionais buscam também explicar o lugar que as unidades ocupam dentro desse sistema e o relacionamento que há entre elas com foco principal na análise dos recursos materiais de que dispõem. No entanto, acredita-se que é igualmente importante compreender como imagens e percepções são construídas e estas dependem do contexto social, político e cultural em que o país está inserido, e devemos observar, portanto, para além dos recursos materiais, os significados constituídos coletivamente. A academia especializada é entendida, dessa forma, como um ator relevante para a compreensão desse processo. Nesse sentido, podemos dizer que as percepções sobre o lugar do Brasil no sistema internacional mudaram tanto a partir da imagem externa quanto de sua autopercepção. Um novo discurso sobre a ascensão e emergência do Brasil pode ser encontrado na mídia, na academia, nacional e estrangeira e no discurso oficial. Apesar de estarmos diante de um fenômeno recente, com bases próprias, não é completamente inédito. Nos anos 1970, diversas análises tratavam da emergência do Brasil com referências ao forte crescimento econômico. No entanto, essa visão vinha contrabalanceada por outra, negativa em relação a ausência de democracia, o desrespeito aos direitos humanos e à desigualdade social. O desenho do início do século XXI é outro. No que tange à produção acadêmica especializada e a mídia internacional, ambas passaram a descrever o país como uma potência em ascensão, reconhecendo-o como um ator global emergente. Diferentemente do que aconteceu durante a ditadura militar, o discurso e a percepção sobre o Brasil se assentaram no início dos anos 2000 em, basicamente, quatro fatores: o crescimento e a estabilidade econômica, o regime democrático, a redução da desigualdade social e a autossuficiência energética. Além disso, a potencialidade do Brasil como exportador, a forte presença do país nas instituições multilaterais e as relações com outros países em desenvolvimento, foram frequentemente destacadas. A percepção externa da ascensão do Brasil tem um correspondente interno, na assunção desse papel e, portanto na produção de um discurso de autopercepção como potência emergente tanto na política externa como na política de defesa. Nesse sentido, a construção da imagem do Brasil potência teve reflexos na determinação das diretrizes dessas políticas. Segurança e defesa nacional passam a ter outro status no momento em que o Brasil se assume como potência e é visto desta maneira pelos seus pares. Por isso, a importância da compreensão das novas percepções sobre o lugar do Brasil no sistema internacional dentro dos estudos de defesa.
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